Casarão virou entulho no aniversário de Mogi Mirim
quarta-feira, 31 de outubro de 2012Erguido há mais de 100 anos, o casarão amarelo que pertenceu à família Tavares Leite foi ao chão na data em que Mogi Mirim comemorava 243 anos, no dia 22 de outubro. O prédio localizado na esquina da Rua Chico Venâncio com as praças Acrísio Gama e Silva e Floriano Peixoto, foi demolido em ação rápida enquanto parte da população assistia ao desfile cívico no Complexo Lavapés.
A demolição aconteceu sem qualquer acompanhamento da Prefeitura Municipal de Mogi Mirim. Com uma retroescavadeira, uma empresa de terraplanagem colocou o prédio abaixo em menos de uma hora. A operação teve erros e parte do entulho caiu em direção à calçada, danificando o transformador de energia da Rua Chico Venâncio, postes de iluminação, cabos de telefonia e internet.
Algumas residências e estabelecimentos comerciais ficaram sem telefone e internet pelo menos até o dia seguinte, inviabilizando inclusive pagamentos com cartão magnético. Mas não foi o transtorno que mais incomodou.
A demolição do prédio causou tristeza e revolta, já que o casarão era um dos poucos remanescentes da memória arquitetônica da cidade. O fato de a ação ter acontecido aniversário da cidade inflamou as críticas.
“Esse é o presente que deram para Mogi Mirim no aniversário da cidade. É mais um marco histórico que vai ao chão”, ironizou Roberto Gasparini. Com escritório na Rua Chico Venâncio, Gasparini foi um dos prejudicados com a queda de energia.
“É um assassinato cultural, um desrespeito ao patrimônio histórico de Mogi Mirim”, lamentou o artista plástico e historiador Tóride Celegatti. Inconformado, Tóride juntava ferragens do casarão, afirmando que os objetos comporiam acervo histórico.
Moradora das imediações desde a infância, a comerciante Cristina Peres Vogt se emocionou ao constatar a demolição do prédio. “Estou desacreditando. Conheci os donos e jamais pensei que iam deixar isso acontecer. É o último casarão da cidade, muito simbólico para a história de Mogi Mirim”.
Messias Botelho soube da demolição através do Facebook e fez questão de ir ao local. “Achei que daria para fazer alguma coisa, mas já está no chão”, lamentou. “Infelizmente fomos assistindo a essa triste derrubada da história da cidade”, disse Botelho, se referindo à demolição de outros prédios históricos ao longo dos anos.
Botelho e Cristina relembram com saudosismo o cenário ao qual pertenceu o casarão. “Eram duas ruelas de paralelepípedos, com grandes árvores e o casarão era uma referência. Um cenário bucólico”, recordou Cristina.
Não há registros precisos sobre a data de construção do casarão. O que se sabe é que o prédio existe pelo menos desde 1910 e pertenceu ao ex-prefeito Antonio Tavares Leite, o Nhô Tó Leite.
O prédio foi vendido pela família em maio de 2011. Na época, o fato provocou polêmica na rede social Facebook, quando muitos defenderam a preservação do prédio. No entanto, nenhum pedido oficial de tombamento foi apresentado.
IGNORA
O grupo que assistia a demolição também criticou o fato de não haver nenhum representante da Prefeitura fiscalizando e dando apoio à ação. A própria demolidora realizou o isolamento da Rua Chico Venâncio com faixas zebradas, cones e placas improvisadas em papelão.
Responsável pela operação, o engenheiro civil Glauco Tazitu informou que o departamento tinha ciência de que a demolição aconteceria no feriado. Ele ressaltou que, além da sinalização, houve aviso prévio aos vizinhos para que deixassem as residências.
Quanto à data escolhida para a demolição, Tazitu justificou que o feriado foi propício pelo menor fluxo de pessoas transitando. “Hoje, tem menos trânsito no centro”, disse. O mesmo argumento foi utilizado pela Prefeitura, que se manifestou através da Assessoria de Comunicação. “A data escolhida para a demolição não trouxe prejuízos ao trânsito ou pessoas, pois aconteceu em feriado municipal quando, naturalmente há redução do movimento na região central”, diz a nota.
Sobre a ausência de representantes dos Departamentos de Trânsito e Planejamento no local, a Prefeitura justificou que o procedimento correto se resume a orientar o engenheiro responsável e a construtora sobre as regras de segurança que devem ser adotadas durante a demolição.
Fonte: A Comarca
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